terça-feira, 9 de agosto de 2011

Transtorno/Desordem do Défice de Atenção com Hiperatividade - TDAH/DDAH ou Attention Deficit/Hyperactivity Disorder - ADHD

Este artigo é essencialmente um alerta para a complexidade desta síndrome, uma vez que continua a existir alguma tendência para dizer-se que uma criança é hiperativa quando apenas manifesta irrequietude ou alguma falta de atenção e concentração, mas não é só isso.

O Transtorno/Desordem do Défice de Atenção com Hiperactividade (TDAH/DDAH) caracteriza-se pelos sintomas de défice de atenção, hiperatividade e impulsividade e é um problema mais comum nas crianças do sexo masculino. No entanto, para que seja diagnosticado este transtorno é fundamental que estes sintomas interfiram, significativamente e de forma negativa, na vida e no desenvolvimento bio-psico-social da criança ou do adulto.

A maioria dos diagnósticos são possíveis serem feitos em crianças na idade escolar, ou seja, a partir dos 6/7 anos de idade, pois é quando a criança inicia as atividades de aprendizado na escola e quando a adaptação à mesma pode mostrar-se comprometido. E raramente antes dessa idade, pois até então o comportamento da criança mais pequena é muito variável e a atenção não é tão exigida quanto à da criança em idade escolar.




Durante o início da adolescência o transtorno, em regra geral, mantém-se com problemas predominantemente académicos, mas no final da adolescência e início da vida adulta o transtorno pode acompanhar-se de problemas comportamentais, ao nível profissional e relacional.
Uma grande percentagem dos pacientes que sofrem deste transtorno na infância onde predominam os sintomas de hiperatividade, permanecem com sintomas na idade adulta, embora em menor grau de intensidade principalmente ao nível da hiperatividade persistindo o défice de atenção, o que possibilita que muitos pacientes adultos não precisem mais de tratamento medicamentoso.

São diversos os fatores identificados como causa relacionada a este transtorno, contudo estudos mais recentes indicam a predisposição genética como a causa principal.
Para além deste fator existem outros, como: problemas durante a gravidez ou no parto e exposição a determinadas substâncias (por exemplo: consumo de álccol e/ou tabaco durante a gestação); fatores orgânicos (por exemplo: atraso no amadurecimento de determinadas áreas cerebrais); destruturação familiar (por exemplo: negligência dos progenitores); agressividade nas interações; consumo de substâncias; fatores geradores de ansiedadee a depressão.

Na forma como se manifesta, o DSM-IV subdivide o TDAH/DDAH em três tipos distintos, onde a prevalência dos sintomas tem de ser superior a 6 meses e a ocorrência tem necessariamente de acontecer em dois ambientes distintos (por exemplo: escola-casa em caso de criança ou trabalho-casa em caso de adulto):

A. Predomínio de sintomas de défice de atenção (tem que apresentar pelos menos 6 sintomas):

A.1. Frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras;
A.2. Com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
A.3. Com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra;
A.4. Com frequência não segue instruções e não termina os seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade de compreender instruções);
A.5. Com frequência tem dificuldades para organizar tarefas e atividades;
A.6. Com frequência evita, antipatiza ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou trabalhos de casa);
A.7.Com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por exemplo: brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais)
A.8. É facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa principal que está a executar;
A.9. Com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias.

B. Predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade (tem que apresentar pelos menos 6 sintomas):

B.1. Hiperatividade

B.1.1. Frequentemente agita as mãos ou os pés ou remexe-se na cadeira;
B.1.2. Com frequência abandona a sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado;
B.1.3. Frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação);
B.1.4. Com frequência tem dificuldades em brincar ou envolver-se silenciosamente em atividades de lazer;
B.1.5. Está frequentemente "a mil" ou, muitas vezes, age como se estivesse "a todo vapor";
B.1.6. Frequentemente fala em demasia.

B.2. Impulsividade

B.2.1. Frequentemente dá respostas precipitadas antes das perguntas terem sido completadas;
B.2.2. Com frequência tem dificuldade em aguardar a sua vez;
B.2.3. Frequentemente interrompe ou mete-se em assuntos de outros (por exemplo: intromete-se em conversas ou brincadeiras).

C. Combinado:

C.1. Tem que apresentar 6 ou mais sintomas de défice de atenção e 6 ou mais sintomas de hiperatividade/impulsividade.
A maioria das crianças e dos adolescentes com o TDAH/DDAH incluem-se neste tipo combinado. No entanto, não se sabe se o mesmo ocorre no adultos diagnosticados com o mesmo transtorno.

O diagnóstico, como é obvio, deve ser realizado por um profissional de saúde especializado, como o psiquiatra ou o neurologista. Contudo, as avaliações complementares de diagnóstico realizadas por psicólogos ou neuropsicólogos através de teste ou baterias neuropsicológicas, são também fundamentais para a avaliação do TDAH/DDAH, afim de acompanhar de forma adequada o tratamento.

Esse tratamento envolve não só medicação adequada, como também apoio psicológico e psicoterapêutico regular incluindo sempre a família e a escola no processo de acompanhamento da criança/adolescente ao longo desse mesmo tratamento.

E, no final de tudo isto, poderão questionar-se porquê toda esta relevância em torno do diagnóstico e do tratamento em crianças/adolescentes ou adultos com o TDAH e, respondo reforçando 3 pontos fundamentais, segundo Dr.ª Alice Sibile Koch e Dr.ª Dayane Diomário da Rosa (psiquiatras):

- É importante fazer-se o tratamento deste transtorno para que a criança não cresça estigmatizada como o "bagunceiro da turma", ou como ou "vagabundo", ou como o "terror dos professores".

- Para que a criança não fique durante anos com o desenvolvimento prejudicado na escola e na sua vida social em relação aos outros colegas, numa sociedade cada vez mais competitiva e exigente.

- É importante fazer um tratamento do transtorno para se tentar minimizar consequências futuras do problema, como a propensão ao uso de drogas (o que é relativamente frequente nos adolescentes e adultos com o problema), alteração do humor (depressão, principalmente) e alterações de comportamento.

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